terça-feira, 24 de março de 2009

Dedicado a T.


Estou em dúvida ainda sobre o que escrever no primeiro texto do meu blog...
Ele nasceu de repente, no susto!
Apesar da minha cabeça estar borbulhando, deu aquele pânico... uau. O que escrever?
Então vou começar pelo que me impulsionou a publicar a minha visão das coisas sobre o mundo. Mas já peço desculpas se houver erros de ortografia.
Há algum tempo estou ensaiando para isto, acho que desde os tempo da faculdade e isso já faz pelo menos oito anos!
Quando concluí o curso de Desenho Industrial, estava cheia de ideais. Fiz uma pesquisa enorme sobre o velho centro da cidade São Paulo. Fiquei meses observando ruas, edifícios, casas, pessoas, clima... enfim, tudo que faz parte do trajeto de quem passa pelo centro velho e também o novo.
Redescobri com isso, uma nova São Paulo, repleta de utilidades, de belezas e de HISTÓRIA. Isto me rendeu a melhor pesquisa na faculdade, o que me deixou muito feliz.
Passado o tempo, acabei não optando pela área acadêmica. Optei trabalhar com motion graphics e animação, que também é um trabalho muito bacana. Estou nisso desde então.
A partir de 2006 percebi que além do vídeo precisava de mais alguma coisa. Algo que contribuísse com mundo de forma mais presente, e iniciei um trabalho como arte educador, coordenando oficinas de animação para vídeo.
Mas como tenho a "síndrome do passarinho" (segundo um astrólogo), não consigo ficar fazendo a mesma coisa durante muito tempo... Então, lá vou eu, pesquisar novamente...
Agora, estou também na Internet, velha para alguns, mas muito, muito nova para mim.
Mas o impulso maior mesmo, vamos dizer o estopim para escrever, foi um fato. Um fato corriqueiro. Um comentário de uma pessoa que provocou em mim uma avalanche! Foi assim:
Em janeiro, calorão danado, encontrei casualmente um amigo na Real (aquela padaria ao lado da MTv), ele estava acompanhado por um amigo que chamo aqui de T., para não ter problemas, preservarei a identidade da vítima. Estávamos conversando e eis que T. falou algo assim meio insatisfeito:
- Ah, moro aqui perto e estou sempre de carro. Queria poder andar mais a pé ...
E eu, amante da cidade, logo enchi o peito e disse empolgada:
- Por que você não faz um passeio de trem? Tem a Ponte Orca, um serviço do Metrô que leva e traz de van da estação Vila Madalena até a estação Usp!!! Um passeio legal, o trem é limpo e tem até música!!!
Ele mal olhou para mim e disse desdenhado:
- Afeeeee, passeio masoquista. Tô fora.
Aquele comentário me calou. Foi um balde de gelo. Não consegui prosseguir na conversa. Fiquei quieta ali sentada ouvindo o papo deles que não era mais este o assunto.
Fiquei olhando para T. e imaginando como é a vida dele. Por que pensava que pegar um trem, um metrô, um ônibus ou uma van seria sofrimento. Me perguntei se milhões de paulistanos são sofredores. E se eu sofro, já que utilizo o transporte público sempre?
Durante aquela semana, aquele mês, aquelas palavras não saíram da minha cabeça. Era estranho. Por que a opinião de uma pessoa que mal conheço me afetou tanto? E nem era diretamente sobre mim!
Resolvi. Vou utilizar todos os transportes públicos e vou novamente desbravar a cidade para ver se é sofrível. Não. Vou sentir a cidade novamente pulsar para poder amá-la mais. Pois não há o que provar o que já sei. Fiquei meses pesquisando quando estava na faculdade e sei que muitas coisas mudaram, algumas para melhor e outras para pior. Mas isso é o coração da cidade, esta movimentação. Claro, isto é uma opinião minha, o meu olhar, e não tenho a pretensão de "converter" ninguém, nem mesmo T.
Mas aquilo me serviu como um chacoalhão, porque depois daquele dia eu A C O R D E I. Revisitei todos os espaços culturais utilizando, claro, o transporte público. O primeiro lugar foi a Galeria Olido, (Metrô Anhangabaú) linda. Em frente, Largo do Paissandú, nas imediações encontramos: Sesc 24 de maio, Galeria do Rock (a maior concentração de lojas e afins no mundo sobre um estilo musical, o Rock), Viaduto do Chá e o Grande Teatro Municipal. Um pouco mais adiante, (Metrô República) os edifícios Itália, Copan, Biblioteca Mário de Andrade e a Praça da República que tem aos finais de semana a tradicional feira das artes.
Novamente de metrô, ou a pé que é mais legal, pode ser feito o trajeto que atravessa pelo Vale do Anhagabaú até o Centro Velho. Logo se vê o antigo edifício Martinelli e a antiga Torre do Banespa (visão 360 graus da cidade e de graça!). Logo depois temos Centro Cultural Banco do Brasil, Mosteiro de São Bento, Pátio do Colégio, Casa da Marquesa, Conjunto Cultural da Caixa Econômica e finalmente a Praça da Sé. Nesta pequena delimitação geográfica, praticamente 4 estações de metrô, um dia só não é suficiente.
Quantas coisas eu vi, quantas pessoas interessantes eu conversei e o que aprendi não há como calcular. Andei de trem até Usp, perambulei pela cidade universitária relembrando minha adolescência, aproveitei, e de trem, cheguei ao parque Vila Lobos. Fui na Cinemateca Brasileira (Metro Vila Mariana), caminhei apaixonada pela Avenida Paulista onde o cardápio pode ser: andar no parque Trianon, visitar o Masp, ir nos cinemas, livrarias, cafeterias, bares, restaurantes, Itaú Cultural, Sesc Paulista, Casa das Rosas e um pouquinho mais para frente o delicioso Centro Cultural São Paulo.
Depois deste banquete de possibilidades e me sentir mais integrante do que nunca desse lugar, o comentário de T., foi a melhor coisa que ouvi.
Agora senhores, que já sabem a história, vou publicar alguns textos que considero interessantes do meu TGI (Trabalho de Graduação Interdisciplinar). Mas antes, termino esta postagem, como uma citação de Ítalo Calvino, do seu livro Cidades Invisíveis:
(...) “Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras”

*Para mais informações sobre São Paulo, visite os sites: www.sampa.art.br,
sampacentro.terra.com.br, www.sampaonline.com.br

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