segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Eu quero

Eu quero um doce que adoce a alma
Eu quero um sapato que calce meu corpo todo
Eu quero água para saciar o meu cérebro
Eu quero um sentimento que preencha o coração
Eu quero o verde, o violeta, o vermelho e o amarelo
Eu quero o que mundo acabe com a solidão

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A beleza do gesto

O Gesto é a poesia do Ato.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

ARTHUR

Há nove meses, nasceu meu sobrinho Arthur. Até então para mim foi a novidade mais emocionante dos últimos tempos. Meu primeiro sobrinho, filho da minha amada irmã mais velha Flávia. Ao pegar o Arthur no colo pela primeira vez me fez sentir um amor tão grande que eu fiquei pequena diante de tanto amor que transbordou sobre mim. Foi uma festa, todos estavam felizes e ansiosos para comemorar a chegada do mais novo membro da família.
E era Arthur pra lá e Arthur pra cá... Arthuzinho ali e chorinho aqui...
Passados três meses após o nascimento de meu sobrinho, minha querida irmã nos revelou que o Arthur era uma criança Down.
...
...

Foi um choque. Não tenho vergonha de dizer que fiquei um tempo, algumas noites sem dormir pensando nisto.
Na minha cabeça a palavra DOWN.
Todos os dias.
Até então eu sonhei, idealizei um Arthur.
Projetei nele meus sonhos. Imaginei que ele teria um temperamento igual ao da minha irmã ou do meu cunhado. Sonhei com ele passando férias na casa da Titia Silvia... E até eu preparando um bolo de chocolate enquanto ele brincasse de pega-pega no quintal.
A notícia DOWN zerou os meus sonhos, me colocou com a realidade na minha frente. O que pensar agora?
Dias se passaram e eu não tinha coragem de falar com a minha irmã. Porque eu não queria sentir o que eu estava sentindo... Era um mix de tristeza, raiva, compaixão. Queria estar bem e dizer a ela que nada importava e que eu estava feliz.
Naqueles dias passei refletindo sobre ser mãe, expectativas, coragem, preconceito. Por que isto aconteceu? Li diversos textos sobre o assunto, conversei com amigas que são mães. Pensei e pensei.
Numa noite eu tinha em minha mente a imagem fixa do Arthur. Aquele garotinho que me fez ter o sentimento mais puro que já senti. E me lembrei de sábias palavras de Krishnamurt. Ele diz que não devemos esperar nada de ninguém, sem expectativas. Há muitos anos eu li isto, e para mim era algo inatingível. Como não esperar nada? Como não ter expectativa? Sem sonho e fantasias?
Doeu. A realidade doeu. A vida sem ilusão, doeu. Porque é mais fácil imaginar e fugir das mazelas da vida. Então tive que apagar as imagens e minha mente e dar um novo início. Respirei fundo e então liguei para minha irmã. Conversamos horas sobre uma porção de coisas e no fim rimos e choramos de emoção, ela estava feliz. Muito feliz.
O Arthur veio para clarear, ele é luz que me fez ver aquilo que eu não queria ver. Por isso este texto é para ele.
Escrevi uma historinha onde imaginei um livrinho em homenagem a todas as crianças Down. Estou desenvolvendo as ilustrações em gravurinha de borracha e acho que até o fim de junho estará pronto.

Eis a história.


ARTHUR

Era uma vez uma menina magrinha
Que nem bambu, vareta, minhoca.

Era boa por natureza
Quietinha e estudiosa
Que nem uma corujinha.

Cresceu, virou mocinha e professora
Namorou, desistiu, chorou, insistiu
Que nem novela das oito.

Encontrou um grande amor
Fugiu! Foi ser feliz
Que nem nos contos de fada.

Quis ter nenem
Ficou grávida, de barrigão
Que nem uma melância.

Todos ficaram esperando
Que nem quando fica esperando um trem que nunca chega...

Então nasceu o Arthur
Nasceu. Simplesmente.
Que nem fruto doce, jabuticaba no pé.

Arthur nasceu com um brilho no olhar
Um jeito calmo
Que nem estrela no céu.

Uma estrela luminosa
Que tão brilhante
Iluminou meu coração
Que nem vela no apagão.

Ele abriu meus olhos com suas mãozinhas
Pequenino me ensinou
Que nem professor.

Uma lição pra toda vida
Que nem andar de bicicleta.

Arthur é assim
Uma estrelinha
Brilha!
Que nem vaga-lume na floresta.

FIM


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Retorno

Depois de um ano ressucito o blog. Ta meio mortinho por conta da correria...
Tenho alguns textos que escrevi durante 2009. Hoje vou postar uma poesia que escrevi em um momento de catarse total!

Havia uma euforia que nem mesmo
saberia explicar a origem.
Inesperadamente, sem controle
uma potência latente
latejava
E teve coragem que nem
sabera que tinha.
Embora, ainda desconhecido
o que sucedeu tomou corpo
muito maior do que imaginava.
E tudo se transbordou
Como um copo ja cheio,
uma banheira com a torneira quebrada,
uma descarga desparada

Depois de um tempo
Percebeu que alí não havia espaço para mais um
Porque se mergulhasse, logo seria jogado para fora
O redemoinho interno era forte
Fara rodopiar até elouquecer
e de tontura o engoliria
Não havia controle
Ao chegar na beirada pensou
Pensou nas belas tardes
banhadas de desejo,
nos olhos sedutores,
nas palavras doces
na música
A melodia que o fez viajar por
tantos lugares...
Uma jornada incrível
Tudo que vivera não poderia
Acabar daquela maneira
Não se renderia ao mal e ao medo
E toda tensão daquele momento,
reverberou em um grito abafado
Uma euforia contida, desesperada
Interrompida

Eis que de manhã
Antes mesmo que o despertador gritasse
Uma angústia, o borbulhar interno o chamava
Aquilo fora um estopim
para um vômito
Mas da alma

O desconhecido agora
parecia mais seu amigo...